Atendimento ampliado nas UBS escancara negligência com a saúde pública 

Anunciado em primeira mão nos jornais da cidade, a Secretaria Municipal de Saúde de Araucária (SMSA) pretende ampliar o atendimento pediátrico de emergências respiratórias nas Unidades Básicas de Saúde. A necessidade de fato existe, mas o problema é que não existem condições para realizar este atendimento. 

A proposta é aumentar a agenda de atendimento infantil dentro do horário normal de funcionamento das unidades. Entretanto, assim como o Pronto Atendimento Infantil (PAI), que enfrenta problemas históricos com falta de estrutura, investimento e profissionais, as UBS não estão em uma situação diferente. 

Faltam muitos profissionais – cerca de 40% dos cargos concursados de Araucária na área da saúde estão vagos, segundo levantamento do SIFAR. Além disso, a estrutura de várias das UBS é precária e as agendas já estão lotadas, o que significa que não vão conseguir atender com qualidade mais crianças. O atendimento “extra” não pode acontecer só porque a Secretaria assim deseja.  

Para pôr em prática uma proposta assim, seria preciso solucionar demandas estruturais da saúde no município, que sofre há anos com desinvestimento, privatizações e precarização dos locais de trabalho e dos empregos.  

Seria necessário, principalmente, aumentar a quantidade de profissionais da enfermagem, já sobrecarregados pelo excesso de demanda e defasagem no quadro de funcionários. 

A Secretaria de Saúde conhece muito bem essas demandas que já se acumulam nos conselhos da categoria há anos. Mesmo assim, os profissionais responsáveis pelo atendimento ampliado só ficaram sabendo da medida pelos usuários que apareceram nas UBS exigindo o atendimento pediátrico adicional. 

E, apesar de ser divulgado que o corpo de trabalhadores das unidades de saúde foi reforçado para atender as demandas, na realidade nada foi feito. 

Em abril desse ano, a SMSA foi notificada pelo Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren-PR) a respeito das irregularidades no atendimento das UBS, que conta com um quadro defasado de profissionais, como constatado em fiscalização. 

O órgão deu um prazo de 60 dias para a regularização do planejamento do Serviço de Enfermagem para ampliar os postos de trabalho, garantindo a qualidade e a segurança do serviço para os usuários. Mais de 2 meses depois, nada foi feito. 

Enquanto a prefeitura negligencia os serviços de saúde, quem sai prejudicado são os profissionais e os usuários do serviço, a população de Araucária. Essa incapacidade de executar um serviço com qualidade, fomentada pela própria gestão, depois vira motivo para justificar a precarização e a terceirização no discurso neoliberal da administração pública. 

Como usuários e profissionais, precisamos permanecer vigilantes e críticos à gestão, que tem falado muito e feito muito pouco. 

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