Fala, servidor: relato de uma servidora da saúde cansada

Nós, trabalhadores da Saúde, ficamos mais de um ano sem poder tirar férias, não fomos incluídos nos pontos facultativos, não pudemos fazer revezamentos, escalas, nada, durante toda a Pandemia. Fomos a secretaria que mais trabalhou, e a que mais correu risco de morte. Todos os dias chegando em casa com vida era uma vitória. Aí, simbolicamente, todos batiam palmas pra nós, que além de tudo tivemos que lidar com todo o negacionismo.

Menos de dois anos depois de tudo, já não somos mais lembrados como heróis, muito menos pela gestão que nunca nos viu dessa forma. Estamos cada vez mais expostos às condições de trabalho precárias, somos tratados com descaso e constantemente jogam a população contra nós.

Em vários anos de serviço público tenho percebido que nos dias de pontos facultativos e feriados apenas as unidades de urgência e emergência ficam abertas. Existe um motivo para isso que é que não se marca consultas, nem nas unidades e nem com especialistas, justamente porque o número de absenteísmo é enorme. Marcar nesses dias é, de alguma forma, punir os próprios usuários que programaram viagens, passeios, e o merecido descanso, afinal, também são trabalhadores e precisam dessas atividades.

Mas, infelizmente, não é dessa forma que Hissam enxerga. Agora, ele começou a tomar medidas eleitoreiras e punitivas para os servidores que trabalham nas Unidades de Saúde, o calo no seu sapato. Enquanto a atenção secundária tem a sua folga – merecida – como foi no final do ano passado, a atenção primária terá que trabalhar novamente. Minha pergunta é: será que quem está na secretaria de saúde sabe o que são os equipamentos essenciais, ou pensam que UBS também faz parte? Ou será que não tem critério e por ser um ano eleitoral acham que estão fazendo um enorme favor para a população?

Vou explicar porque uma UBS não é um serviço essencial: consultas são eletivas; não existe demanda espontânea; vacinas podem ser dadas em outros dias, sem prejuízo algum para a criança ou adulto; medicamentos – os que não estão em falta como o dipirona, levotiroxina de todas as miligramagens e levozine de 25 mg – serão distribuídos desde que o usuário se programe para fazer a retirada nos dias que a unidade estiver aberta; injeções anticoncepcionais da mesma forma, existe como fazer essa programação; os pacientes que fazem curativos diários na UBS são orientados como fazer em casa e é fornecido material para isso; qualquer consulta que previamente estiver agendado em um dia de ponto facultativo será remanejada para outro dia com o menor prejuízo para o usuário.

Esse é um desabafo e um apelo, estamos cansados, mas seguimos trabalhando e principalmente, seguimos lutando, não deixem de lutar conosco!

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