Saúde Pública não se faz com economia

Coluna SIFAR, O Popular do Paraná, 01/02/2018

Na última quinta-feira (25) aconteceu na Câmara Municipal de Araucária uma Audiência Pública para debater a proposta da prefeitura de terceirizar a saúde do município. Apesar da gestão (prefeito Hissam e nem mesmo o secretário de saúde) não estar presente durante a Audiência, foi possível aprofundar o debate, com dados que comprovam o quanto essa “reestruturação” prejudicará ainda mais a saúde de Araucária.

Quando falamos de terceirização, se faz necessário relembrar a nossa história. Nenhuma política pública foi concedida aos trabalhadores de graça, ao contrário, elas foram conquistadas com muita luta.

A luta pela saúde pública universal inicia-se ainda na ditadura militar e é chamada de Movimento pela Reforma Sanitária. Quem já era adulto nos anos 80 lembra de que só havia acesso a saúde cidadãos com carteira assinada. Os mais pobres que não podiam pagar pela saúde não tinham atendimento ou eram atendidos por santas casas, como um favor, não um direito.

A luta que culminou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a saúde como um direito garantido na Constituição de 1988 (mesmo com problemas) foi um grande avanço para os trabalhadores brasileiros.

Foi essa luta, por exemplo, que permitiu que hoje existam unidades de saúde nos bairros, agentes comunitários de saúde, CAPS II, CAPS AD, laboratório municipal, ambulatórios de especialidades, UPA, hospital público, vigilância sanitária, epidemiologia e toda a rede de atendimento do SUS. Além disso, garantiu o controle social permitindo aos usuários do sistema, participarem de decisões e serem ouvidos. E isso não é pouca coisa!

Entretanto, mesmo com toda essa luta e todas as conquistas, a sociedade capitalista em que nós vivemos – o lucro que vem antes das pessoas – tenta transformar tudo em mercadoria. Os grandes empresários sempre tentam privatizar a saúde, ou seja, transformar o que é direito, uma política pública, em algo que possa gerar lucro.

Pra isso, estes empresários, contam com o Estado que diminui as verbas de investimento da saúde, sucateando os serviços e aplicando uma política que permite passar tudo para a iniciativa privada. Congelam os investimentos públicos por 20 anos, destruindo a saúde e as outras politicas públicas como educação, assistência social, etc.

Nossa discussão da terceirização aqui não está isolada dessa lógica nacional. Tentam a todo custo, passar a imagem de que tudo é que público não presta, que todo servidor público não trabalha. Essa ideia é reforçada todos os dias pela mídia com um único objetivo: destruir as políticas públicas que atendem os trabalhadores e transformar tudo em indústria; o paciente é uma peça que faz triagem, é medicado, vai embora e vira apenas número nas estatísticas.

O que o SUS propõe é exatamente o oposto: saúde precisa ter acompanhamento, rede, promoção e prevenção. Por isso sempre afirmamos que saúde não é mercadoria e não pode ter a lógica do lucro.

Hoje a UPA já possui setores terceirizados. E quais são os maiores problemas que a população reclama? Da demora no atendimento médico e dos exames. Porém, os médicos e o laboratório são terceirizados. Economizar na saúde com a terceirização é bom para quem? Para a população que não é!

Nós não aceitamos que um município rico como Araucária (a 2º maior arrecadação do estado, com 130 mil habitantes) não tenha dinheiro para manter uma UPA pública! Qual é a prioridade? Como o recurso é insuficiente para justificar uma terceirização?

SAÚDE TEM QUE SER PRIORIDADE E ISSO SÓ SE FAZ COM MAIS INVESTIMENTO!

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