Ofensa de Ricardo Barros escancara descaso com a vida e com a educação

Como se não bastasse sua atuação política contrária à educação, o deputado federal Ricardo Barros (PP/PR) decidiu baixar o nível na terça-feira (20) e ofender diretamente as trabalhadoras e trabalhadores da educação. O deputado que exerce o cargo de líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal disse, em entrevista à CNN Brasil, que o “professor não quer trabalhar” e que não existe demanda por conexão à internet nas escolas porque as direções “não entendem de informática” e não querem que alguém que entenda seja eleito em seu lugar.

As ofensas de Ricardo Barros não são apenas fruto de ignorância ou do desconhecimento sobre a realidade das unidades de ensino e sobre a sobrecarga exigida nesse momento de ensino remoto. As declarações fazem parte de uma estratégia que incentiva o ódio e tenta criar o imaginário de que os professores e demais trabalhadores da educação pública são privilegiados e não querem trabalhar.

Ricardo Barros chegou ao cúmulo de dizer que os professores causam “dano” aos estudantes por não darem aulas presenciais durante a pandemia, como se a culpa não fosse do governo pela demora na vacinação, pelo descontrole da pandemia e pela falta de investimentos que permitam adaptar a educação a este momento tão crítico.  Mais de um ano depois do início da pandemia, não houve investimento para melhorar a ventilação das salas de aulas, nem para garantir celulares ou notebooks a professores e estudantes.

Ao ofender de forma tão vil quem educa as filhas e filhos da classe trabalhadora, Ricardo Barros tenta desviar a atenção do verdadeiro culpado. Diz que escolas não têm conectividade por falta de demanda para esconder que Bolsonaro vetou o projeto de Lei 3477/2020, que destinava recursos para internet gratuita em unidades escolares da rede pública na pandemia. Diz que as aulas presenciais estão suspensas porque os professores não querem trabalhar para esconder que o fracasso no controle da pandemia é responsabilidade do governo, que preferiu proteger os lucros ao invés de vidas.  Os professores e demais trabalhadores da educação nunca deixaram de trabalhar durante a pandemia e continuam se desdobrando e utilizando seus próprios recursos para promover o acesso ao ensino, mesmo com todas as dificuldades da educação remota.

Se em outros países as crianças ficaram apenas 70 dias sem aula, é porque os governos investiram de verdade no controle da pandemia para garantir isolamento social, com ajuda financeira maior e mais extensa, assim como um retorno com o mínimo de segurança. Enquanto aqui, o Bolsonaro estimulou aglomerações, desencorajou o uso da máscara, recusou ofertas para compra de vacinas ao longo de todo o ano de 2020, além de promover medicamentos sem eficácia para a Covid-19 e que trazem riscos comprovados à saúde.

As declarações de Ricardo Barros também escancaram quais são as intenções por trás do projeto de 5595/2020, que foi aprovado na madrugada desta quarta-feira (21) no Plenário da Câmara Federal. O governo não tem pressa em garantir a vacinação das trabalhadoras e trabalhadores da educação, mas quer aprovar esse projeto infame para retomar o ensino presencial neste que é o momento mais crítico da pandemia. O texto, que agora será encaminhado ao Senado, transforma a educação básica e ensino superior, em formato presencial, como atividade essencial e proíbe a suspensão das aulas presenciais, tirando a autonomia de prefeitos e governadores, que só poderão decretar a suspensão das aulas diante de “critérios técnicos e científicos” não especificados no projeto.

Você pode enviar sua manifestação de repúdio para o deputado Ricardo Barros pelo e-mail dep.ricardobarros@camara.leg.br e pelo número do WhatsApp (61) 3215-5412.

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