O Nazismo e o Governo

Coluna do SIFAR publicada na edição desta quinta-feira (23) do Jornal O Popular

Na última semana, Jair Bolsonaro elogiou o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, como um representante da “cultura de verdade” ao anunciar o Prêmio Nacional das Artes. O secretário foi aplaudido por Bolsonaro ao deixar claro que apenas as manifestações culturais alinhadas a valores ideológicos pré-definidos serão valorizadas pelo governo. Logo depois, o presidente teve que demitir Alvim por copiar o discurso e a estética do regime nazista alemão.

No entanto, mais do que copiar Joseph Goebbels – ministro da propaganda alemão durante o regime nazista – o discurso do ex-secretário de Cultura expressa a política do governo Bolsonaro: tudo que for diferente do que quer a presidência e sua corja será exterminado. E essa política não se apagará com uma demissão.

Em seu discurso, Alvim defendeu uma “arte nacional” para o Brasil e suas ideias encontraram eco dentro do governo, ou o contrário, as ideias do governo encontraram eco em Alvim. A propaganda nazista também defendia uma “arte nacional’, para combater tudo que não convinha ao governo, para tentar anestesiar a consciência da população, enquanto o nazismo levava milhões de seres humanos para os campos de concentração e para morte.

Durante o nazismo, as produções artísticas que fossem críticas aos ideais do regime, adotassem uma estética considerada contrária ao enaltecimento da nação ou que questionassem a ordem vigente foram gradualmente reprimidas, censuradas e perseguidas. A produção cultural, que tem a expressão dos sentimentos, a crítica ao status quo e a possibilidade de imaginar cenários diferentes entre seus papéis fundamentais era duramente atacada.

O primeiro ano do mandato de Bolsonaro explicitou que o objetivo do governo é acabar com tudo que possa provocar a reflexão e potencializar a indignação, Bolsonaro já disse que quer eliminar na Educação, disciplinas como História e Filosofia, e, na Cultura, quer exterminar tudo que possa provocar o pensamento crítico.

Filmes brasileiros têm sido censurados com cortes de financiamento público, cartazes foram retirados da Ancine porque não agradaram o governo, atrizes que, no teatro, enfrentaram a ditadura militar, como Fernanda Montenegro, foram esculhambadas pelo secretário de Cultura. Essa é a realidade que estamos vivendo. E nada disso pode passar despercebido por nós, trabalhadores.

Acabar com direitos e com as organizações dos trabalhadores, acabar com a arte e a possibilidade de refletir, acabar com a maioria para fazer valer a vontade de uma minoria. Esse parece ser o plano do governo Bolsonaro e não é a primeira vez que isso acontece na história da humanidade.

Nossa resposta deve ser a luta! Vamos ocupar as ruas do país, com a força da nossa história, com a beleza de nossa arte!

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