Na Itália, greves foram essenciais para garantir quarentena

 

A Itália sofreu e ainda vai sofrer duras perdas devido à pandemia de Coronavírus. Ao que parece, os Estados Unidos seguem pelo menos caminho e o país já assumiu a liderança mundial do número de casos. E não podemos nos enganar, essas perdas não são apenas consequências da pandemia. Parte do cenário que acompanhamos hoje são fruto das decisões anteriores de governos, bancos e empresários desses países.

Assumir que atravessamos uma grave crise e adotar as medidas de contenção no período adequado, que, no caso, é o quanto antes, teria feito toda a diferença para esses países e também para o Brasil.

No final de março, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, inclusive, se desculpou por ter apoiado a campanha “Milão não para”, algo muito parecido com o que o governo de Jair Bolsonaro quis fazer na semana passada, mas foi obrigado a recuar.

Mas, antes do bloqueio generalizado ser adotado pelos italianos, mas com a Covid-19 em pleno curso no país, os trabalhadores do setor produtivo tiveram que ameaçar e até mesmo cruzar os braços para garantir o direito à quarentena.De acordo com o portal português Publico, o movimento grevista foi iniciado pelos metalúrgicos na Lombardia e outros setores seguiram os mesmos passos, como os bancários e também os trabalhadores da indústria têxtil.

Isso porque o Estado, em apoio aos empresários e bancos, manteve parte considerável do setor produtivo em pleno funcionamento, sem se importar com a vida e a saúde dos operários.

Ao mesmo tempo em que o primeiro ministro italiano, Giuseppe Conte, pedia aos trabalhadores administrativos que evitassem sair às ruas e que trabalhassem de casa, para os trabalhadores das fábricas, poucas medidas foram tomadas no início da pandemia, nem mesmo equipamentos de proteção individual foram providenciados de início, muito menos o afastamento desses operários.

A reivindicação dos trabalhadores era clara: pelo fechamento de todos os serviços não essenciais e que não estivessem a serviço do combate ao Coronavírus.

Ou seja, precisa ficar claro que teve muita luta dos trabalhadores até que governos e patrões adotassem medidas de contenção mais restritas. E a demora do governo em suspender todos os serviços não essenciais levou a Itália e, principalmente, os trabalhadores italianos ao cenário atual.

É essa estrutura de sociedade na qual vivemos que nos leva a esses números alarmantes de mortos e contaminados em todo o mundo. Esse sistema que coloca a economia acima da vida e da saúde da imensa maioria da população.Então, é contra essa estrutura vigente que temos que lutar.

No Brasil, a imensa quantidade de casos subnotificados, a falta de testes, de equipamentos de proteção individual para os trabalhadores que estão na linha de frente e a ausência de medidas administrativas eficientes que atendam principalmente a camada mais vulnerável da população trabalhadora já anunciam que caminho o governo brasileiro pretende seguir.

Nossa resposta precisa ser a luta. O cenário que se aproxima é crítico e teremos que, mais uma vez, nos levantar contra os patrões e os governos para exigir o nosso direito à vida, com garantia de empregos, renda, alimentação e saúde para todos.

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